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A operação realizada com a Polícia efetuou a prisão de cinco acusados entre eles, o médico Dionísio Broxado Lapa

Após sete meses de investigações sigilosas, o Ministério Público Estadual, em conjunto com a Polícia Civil, desarticulou, na manhã de ontem, mais uma rede criminosa no Ceará. Tratava-se de um esquema de prática de abortos ilegais, cujo principal acusado é o médico, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Maracanaú, Dionísio Broxado Lapa Filho, dono de um hospital naquele Município e de uma clínica particular no Bairro de Fátima, nesta Capital. Broxado foi preso com mais cinco pessoas.

A operação, denominada de ´Exterminador do Futuro´, foi comandada pelos promotores que compõem o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), com o apoio da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), chefiada pela delegada Ivana Timbó. Seis mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão foram cumpridos a partir das 6 horas.

Presos

Além do médico, também foram capturadas as seguintes pessoas, Adriana Fernandes Vieira (secretária), Ricardo Henrique de Lima (segurança e porteiro do hospital), Antônia Deusanira Mota Teixeira (atendente), Francisco José de Lima (segurança) e José Wilton do Carmo (também segurança e motorista do médico). O último acusado foi preso, em flagrante, por portar munição de calibres 12 e 38, sendo autuado no 34º DP (Centro). Os acusados foram transferidos, ainda na manhã de ontem, para a carceragem da Delegacia de Capturas (Decap).

Em entrevista à Imprensa horas após o fim da operação, os promotores de Justiça, Rinaldo Janja, Joseana França e Marcos William Leite de Oliveira explicaram como se deu a investigação. Segundo eles, a denúncia acerca do fato chegou ao Ministério Público através de uma representação formulada pela ONG ´Movida´.

A partir de abril passado, os promotores, juntamente com a Polícia Civil, iniciaram o trabalho de coleta de informações e descobriram que os abortos eram praticados – ao custo médio de R$ 2 mil cada um – na clínica pertencente ao médico Dionísio Broxado, situada na Rua General Silva Júnior, 154, no Bairro de Fátima.

“Quando ocorria algum problema com a paciente, ela era, então, encaminhada ao hospital”, conta o promotor William Leite. A unidade médica é intitulada Hospital da Associação Beneficente e Médica de Pajuçara (Abemp), em Maracanaú. O médico foi detido pelos policiais civis em sua residência. Já os demais acusados acabaram presos na clínica e no hospital.

Uma sétima pessoa que também teve a prisão preventiva decretada não foi encontrada e está, oficialmente, foragida. Trata-se de Elizabeth de Lima, auxiliar de Enfermagem.

Os promotores explicaram ainda que, o médico usava de uma estratégia para escapar de uma eventual prisão. Geralmente, realizava os procedimentos clínicos ilegais (abortos) após as 18 horas, quando não é permitido, por lei, o cumprimento de mandados de busca.

Dionísio Lapa foi ouvido no MP ainda na manhã de ontem. A Imprensa não teve acesso ao seu interrogatório.

Deputado

Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, em Brasília, ainda na manhã de ontem, o deputado federal Luiz Bassuma (PV/BA) elogiou o trabalho do Ministério Público do Ceará pela operação de fechamento da clínica de aborto. O parlamentar ressaltou na tribuna que, desde 2008, há naquela Casa uma CPI para ser efetivada, que visa investigar os abortos no País, mas não é levada adiante.

PROTAGONISTA

Médico na cadeia – Dionísio Broxado Lapa Filho

Dono de uma clínica, em Fortaleza, e de um hospital, no distrito de Pajuçara, em Maracanaú, o médico vinha sendo alvo de uma sigilosa investigação que começou em abril passado. Segundo estimativas do Ministério Público, há mais de 30 anos o acusado atuava em práticas médicas ilícitas, ´vendendo´ serviço de interrupção de gravidez. Ele teve, agora, sua prisão preventiva decretada pela Justiça a pedido do MP.

FERNANDO RIBEIRO
EDITOR DE POLÍCIA

Fonte: Diário do Nordeste