“Leite materno nos seis primeiros meses de vida do bebê melhora imunidade e reduz chances de problemas alimentares”
Poucos meses após o parto, a publicitária Priscila Brasileiro percebeu que Bárbara sofria com as cólicas constantes e que Gabriel parou de ganhar peso e apresentava refluxo. Após vários exames, os gêmeos, hoje com dois anos e meio, foram diagnosticados com alergia à proteína do leite. Os irmãos fizeram tratamento e já estão livres do problema. A alimentação é normal, mas Priscila lembra do sufoco que passou, principalmente no caso do Gabriel. “Acredito que a alergia dele foi mais forte porque o Gabriel não mamou no peito”, disse ela. O menino não pode mamar devido a uma pequena complicação no parto.
A análise da publicitária, segundo a pediatra do Hapvida, Roberta Martins, está correta: a amamentação inadequada dos bebês aumenta a probabilidade de a criança desenvolver alergia ou intolerância à lactose. “Cada vez mais, as alergias estão se tornando precoces porque, muitas vezes, o aleitamento materno não é o adequado. A mãe, com um ou dois meses, já introduz o leite ‘artificial’. Se a criança fosse amamentada exclusivamente até os seis meses, ela não desenvolveria a alergia”, afirma a médica.
“Amamentação inadequada aumenta as chances de a criança desenvolver intolerância à lactose”
A também pediatra do Hapvida, Germana Denes observa ainda que o leite da mãe ajuda na prevenção de outras doenças, além da alergia à lactose. “O aleitamento previne alergias em geral, obesidade, hipertensão e várias outras doenças. É a primeira vacina da criança”, explica a especialista.
Alergia e intolerância
Segundo as especialistas, a diferença entre alergia e intolerância é o tipo de resposta que o organismo tem quando está em contato com o alimento. Na alergia, há uma resposta imunológica imediata e mais intensa, com sintomas mais agressivos, enquanto na intolerância o organismo não consegue digerir ou metabolizar o alimento.
“A intolerância, geralmente, não se manifesta tão cedo. A criança vai desenvolvendo sintomas que denotam a deficiência de alguma enzima”, afirma a pediatra Roberta Martins. A alergia é mais comum do que a intolerância.
Sintomas e tratamento
Os principais sintomas da alergia alimentar na infância são diarreia, inchaço na barriga, dor abdominal, cólicas, enjoo, vômito, placas avermelhadas na pele e inchaço dos lábios, olhos e língua. No caso da intolerância, a dor abdominal moderada é o mais comum. “É importante que os pais estejam sempre atentos aos sintomas e procurem o especialista imediatamente”, ressalta a médica Roberta Martins.
“Alergias alimentares podem se desenvolver por meio do trigo, soja, ovos, amendoins, castanhas e frutos do mar”
A pediatra afirma que, num primeiro momento, a forma adequada de tratamento é a exclusão do alimento da dieta da criança. “Existem outros tipos de leite, com fórmulas hidrolisadas, sem proteína, sem lactose, que podem substituir o tradicional”, destaca Roberta.
Aos poucos, e com acompanhamento médico, o leite pode ser reintroduzido na dieta da criança.
Outros alimentos
De acordo com a nutricionista Tanara Ferreira, do Hapvida, além do leite de vaca, as alergias alimentares podem se desenvolver por meio do trigo, soja, ovos, amendoins, castanhas e frutos do mar. Por isso, segundo ela, esses alimentos não podem ser inseridos precocemente na rotina alimentar das crianças.
“Após o sexto mês de vida, os pais devem iniciar pelas frutas, cereais, verduras, carne vermelha, frango e feijão. Do sétimo ao 11º mês, alimentos como papa salgada e ovos, gradativamente, podem passar a compor a dieta da família”, explica a nutricionista.
Grupos de discussão
Após aparecer os sintomas de alergia à lactose nos filhos Bárbara e Gabriel, Priscila Brasileiro passou a frequentar grupos de discussão sobre o assunto e criou um blog para incentivar a troca de ideias com outros pais.
“Senti muita dificuldade de informação na época. Por isso, fui atrás de ler sobre o tema. Foi uma fase muito difícil”, conta ela, que participa do grupo “Meu filho tem alergia alimentar” na rede social e mantém um blog, no qual já convidou especialistas para escrever sobre o assunto.
“Pais devem inserir diferentesalimentos na rotina das crianças a partir de faixas etárias”
Amiga de Priscila, a psicologia Raíssa de Araújo diz que o filho Pedro, de dois anos, foi diagnosticado com intolerância à lactose, mas que chegou a ser tratado por alguns médicos como se tivesse refluxo. “Ele tomava remédio para refluxo, mas não adiantava. Estava sempre com a barriga muito cheia”, lembra. Atualmente, Pedro toma o leite de soja, mas quando vai às festinhas de crianças a mãe precisa levar a própria comida do filho.
Fonte: G1 Ceará