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Sempre que estamos diante do pleito presidencial surge no tablado das campanhas a discussão sobre o aborto. Candidatos tentam esquivar-se de perguntas diretas e ficam tentando agradar a gregos e troianos. O importante é não perder votos. A frase mais emblemática que já li envolvendo o debate sobre a legalização do aborto foi proferida pelo então presidente dos EUA, Ronald Reagan, quando disse: Só é a favor do aborto quem já nasceu.

Como nasci e estou vivo, posso externar minha opinião acerca de um tema tão sensível para todos nós. De saída,qualifico o gesto agressivo do aborto contra o feto um homicídio disfarçado em que a vítima não pode se defender – o ato mais covarde do ser humano. Infelizmente, na discussão sempre entra o tema religião e os dogmas de todos os matizes são evocados para justificar posições contra e a favor. As paixões são postas acima de tudo, esquecendo o bem maior que é a vida e o direito de nascer.
A querela deve ficar no campo da razão, deixemos de lado as religiões que na sua maioria são contrárias ao aborto. Vamos imaginar cada um de nós no útero de nossa querida mãe e, de repente, vem um veneno e nos extermina sumariamente. Como é esta agonia do indefeso? Ele ainda não existe? Ele não sente dor? Temos este direito de decidir e impedir o nascer de alguém em gestação?!
Sabemos que a vida começa com a fecundação, isto é provado cientificamente, portanto, não se trata de concepção teológica ou argumentos metafísicos. Se a vida existe na fecundação, praticar o aborto é crime. As mulheres que vivem no meio social mais baixo se submetem a cirurgias bárbaras, pois seus algozes usam faca em forma de foice para dilacerar o corpo do feto que é retirado em pedaços.
Infelizmente, algumas destas mulheres, por razões de desespero, buscam meios clandestinos e arrancam de seus úteros o nascituro – talvez o drama mais amargo a carregar para sempre na existência.

 

Walter Filho
walterfilhop@hotmail.com
Promotor de Justiça

Fonte: Povo